"Coube à sociedade civil a tarefa
de defender os princípios da cidadania"
A última reunião dos países mais ricos do
mundo, abrigados sob a sigla G-8, iniciada em 20 de julho passado,
em Gênova, contou com a proteção de 20.000
policiais para conter dezenas de milhares de manifestantes que
foram protestar contra a globalização dominante
e suas implicações desastrosas para os povos do
mundo. A repressão policial foi violenta: um morto, centenas
de feridos e dezenas de presos marcaram de forma trágica
o Encontro do G8.
Além de participar de reuniões oficiais da ONU
e outros organismos internacionais, buscando alternativas ao modelo
econômico dominante - insustentável ecologicamente
e injusto socialmente - algumas organizações da
sociedade civil partiram para a estratégia de ação
direta de enfrentamento da repressão policial que cerca
as reuniões internacionais das entidades que manipulam
o poder econômico e político global.
Essas forças sociais transnacionais se organizam em torno
de uma agenda que defende a democracia - política, social
e econômica - a sustentabilidade ambiental e a diversidade
cultural. Enfrentam, quase sempre, os interesses contrários
das empresas multinacionais e do mercado financeiro, bem como
dos Estados nacionais e organizações internacionais
associados a tais interesses.
Um das características marcantes do chamado processo de
globalização é o enfraquecimento do Estado
nacional e de seus atributos básicos. A soberania, autonomia
e territorialidade se esvaziam pelo impacto de novos fenômenos
e processos que transcendem a capacidade e até mesmo a
possibilidade de decisão do Estado-nação.
Comunicações eletrônicas, capital financeiro,
poluição ambiental, tráfico de drogas, contrabando
de armas, migrações e empresas transnacionais invadem
territórios deixando atrás Estados enfraquecidos
e impotentes.
No mundo atual, muitos problemas tornaram-se imediatamente globais,
impossíveis de serem resolvidos por meio de políticas
nacionais isoladas. Os mercados se globalizaram, o meio ambiente
não conhece fronteiras, os meios eletrônicos de comunicação
muito menos. Inúmeros tratados internacionais foram aprovados
na segunda metade do século XX na área ambiental,
científica, cultural, econômica, social, criminal
etc.
Os impactos da globalização reorientam o Estado
e os interesses das elites dominantes, conferindo-lhes perspectivas
não-territoriais e extranacionais. O Estado reformula seu
papel em função de variáveis econômicas
externas, como expansão do comércio mundial, políticas
macroeconômicas e maior mobilidade internacional do capital.
A mentalidade das elites dominantes se desterritorializou a tal
ponto que mesmo a "segurança" é definida
mais em termos da economia global do que em relação
à defesa da integridade territorial.
Desta forma, face às graves implicações
sociais da globalização econômica, nem o Estado
nem o mercado estão interessados em incentivar a mobilização
popular, mantendo a cidadania passiva e apolítica. Coube
à sociedade civil, voltada à defesa do interesse
público, a tarefa de mobilizar as energias cívicas
da população para defender, no plano transnacional,
os princípios da cidadania fertilizados com os ideais de
democracia política, diversidade cultural e sustentabilidade
ambiental.
Surgiu, assim, em todo o mundo, um sem-número de associações
de militantes idealistas que oferecem resistência à
globalização dominante, propondo uma globalização
alternativa, um projeto emergente de construir uma sociedade civil
global visando à democratização das relações
internacionais.
Um dos principais objetivos desses atores não-estatais
é assegurar normas que regulem as operações
das empresas transnacionais. Um dos cenários desse confronto
tem sido as Nações Unidas com suas conferências
globais sobre temas sociais, econômicos e ambientais, nas
quais essas associações civis transnacionais tiveram
intensa participação.
Não apenas empresas multinacionais, mas também
organizações não-governamentais têm
hoje mais poder no cenário internacional do que a maioria
dos países do mundo. Exemplo disso é a atuação
de ONGs como a Anistia Internacional, Médico sem Fronteiras,
Greenpeace, WWF etc., além das redes congregando entidades
nacionais e locais em todo o mundo.
Todas essas manifestações de protesto realizadas
nas reuniões internacionais de Seattle, Washington, Montreal,
Genebra, Praga, Nice, Davos, Quebec e Gênova são
demonstrações da resistência à globalização
autoritária por parte do movimento mundial de cidadãos.
Elas apontam, sem dúvida, para o fortalecimento transnacional
da sociedade civil, de que o Fórum Social Mundial em Porto
Alegre foi um bom exemplo.
Trabalhando de forma mais constante e menos ruidosa, milhares
de organizações da sociedade civil pressionam diariamente
as instâncias internacionais de tomada de decisões,
transmitindo-lhes suas próprias posições
com o objetivo de confrontá-las com os interesses dos governos
e das corporações transnacionais.
As organizações da sociedade civil assumiram assim
a postura de um contrapoder ao executivo global formado pela OMC,
Banco Mundial, FMI e a OCDE, o qual decide soberanamente, sem
qualquer abertura democrática, o destino de todos os habitantes
do mundo. Expressaram, das formas mais diversas, a demanda por
justiça e igualdade que irrompe em contrapartida ao processo
de globalização. Constituiram-se em uma fiscalização
essencial em meio ao poderio das organizações internacionais
e notadamente das empresas multinacionais.
De Seattle a Gênova
Entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro de 1999, realizou-se
em Seattle, capital do estado de Washington, EUA, a 3ª Conferência
Ministerial da Organização Mundial do Comércio
(OMC). Criada em 1995, na Rodada do Uruguai, a OMC sucedeu o GATT
(Acordo Geral de Tarifas e Comércio) como órgão
gestor das relações comerciais em escala global.
O objetivo da OMC para a reunião entre ministros do Comércio
e de Relações Exteriores dos 135 países-membros
era derrubar, ao longo de três anos, subsídios e
tarifas em vários setores, e promover acordos para a liberalização
cada vez mais abrangente do comércio mundial.
As dificuldades em se formar um consenso acerca da nova rodada
de negociações demonstrou-se mesmo antes do início
da Conferência de Seattle, já que os enviados a uma
reunião prévia em Genebra, sede da OMC, não
foram capazes de formalizar nem mesmo uma agenda para a reunião
de Seattle.
No dia 30 de novembro, data marcada para a abertura do evento,
50 mil manifestantes e representantes das mais distintas organizações
não-governamentais (ONGs) tomaram o centro de Seattle,
formando uma impenetrável corrente humana ao redor da sede
da reunião. Em decorrência, a cerimônia de
abertura foi cancelada e as delegações aconselhadas
a permanecerem em seus hotéis.
Acusada de abusos de poder, a polícia de Seattle empregou
meios considerados desproporcionais à situação:
chegou a fazer uso de gás lacrimogêneo e outros gases
ainda não-identificados, atingindo idosos e crianças
que se encontravam na área, e utilizou ainda balas de borracha
contra os manifestantes. Cerca de 600 pessoas foram presas, maltratadas
e guardadas secretamente por mais de 48 horas.
O prefeito de Seattle, Paul Schell, decretou estado de emergência
e toque de recolher - o que não se via desde a 2ª
Guerra Mundial - entre as 19 horas do dia da abertura às
7 horas do dia seguinte, nos arredores da conferência. Por
sua vez, o governador do Estado de Washington, Gary Locke, autorizou
o envio de tropas da Guarda Nacional para a garantia da ordem.
Os EUA não eram palco de conflitos deste porte desde as
reivindicações dos movimentos negros contra a discriminação
racial e os protestos contra a Guerra do Vietnã, na década
de 70.
A reunião terminou sem o lançamento da nova Rodada
do Milênio. O fiasco da Conferência de Seattle entrou
para a história das conferências internacionais.
Não apenas pela posição dos países
pobres, que se rebelaram contra a exclusão nas principais
negociações, como também pela influência
inédita das ONGs, tanto nas ruas quanto nas negociações.
Como bem sintetiza Silviano Santiago, "a batalha de Seattle
significou inicialmente uma luta da participação
ética contra a elaboração secreta de tratados
multilaterais; significou posteriormente a denúncia mundial
do modo como o direito internacional está tendo suas aplicações
corrompidas pela força econômica norte-americana,
aliada ao capital multinacional. Significa ainda a desconstrução
dos alicerces de que se valem os burocratas para o fundamento
de um Império depois da Guerra Fria. Trabalho ruidoso e
benéfico da sociedade civil" (Jornal do Brasil, 15/01/2000).
O "espírito de Seattle" foi reavivado em fins
janeiro de 2000, durante o 30º Encontro do Fórum Econômico
Mundial em Davos, na Suíça. Cerca de dois mil manifestantes
expressaram nas ruas sua discordância com a política
comercial neoliberal, enfrentando a polícia em conflitos
que levaram a duas prisões.
Na primeira semana de novembro de 1998, nas Filipinas, cerca
de cem grupos procedentes de 31 países da Ásia,
América Latina, África, Europa e América
do Norte, representando movimentos sociais, redes, organizações,
centros, institutos e academia, reuniram-se numa Conferência
Internacional sobre Alternativas à Globalização,
com um duplo objetivo:
1. analisar a crise econômica global e denunciar as conseqüências
nocivas da globalização, com seus terríveis
impactos sociais, políticos, econômicos, culturais,
ambientais etc.,
2. desenvolver estratégias alternativas para enfrentar
a globalização.
Na primeira semana de fevereiro de 1999, uma coletiva de imprensa
dos organizadores do "Davos Alternativo", seguida de
uma manifestação com cerca de trezentas pessoas,
mobilizou a polícia suíça na cidade de Davos,
durante o Encontro do Fórum Econômico Mundial, que
reuniu chefes de Estado, economistas, empresários e megaespeculadores.
Liderados pela Associação Mundial de Povos contra
a Mundialização (AMP) e a Associação
pela Taxação das Transações Financeiras
para Ajudar os Cidadãos (ATTAC), os manifestantes denunciaram
a "globalização que mata" e o "culto
ao mercado". Uma das propostas mais importantes desse movimento
mundial de cidadãos é a aplicação
da Taxa Tobin, que prevê a cobrança de 1% sobre cada
transação financeira para fins sociais. Segundo
os membros da ATTAC, 0,05% seria suficiente para cobrir duas vezes
as necessidades fundamentais da humanidade.
Para os organizadores da manifestação, o sentido
da globalização é "a centralização
do poder e das riquezas nas mãos de poucos global leaders
e, para um número cada vez maior de pessoas, exclusão,
pobreza e miséria" (JORNAL DO BRASIL, 7/02/99, p.
32).
Outra manifestação que chamou a atenção
da mídia e da opinião pública foi o protesto,
nas ruas da cidade de Washington, contra a realização
da reunião conjunta FMI/Banco Mundial em 16 de abril de
2000. Cerca de dez mil manifestantes tomaram as ruas da cidade,
e enfrentaram milhares de policiais, que efetuaram 700 prisões.
Segundo outras fontes, o número de prisões elevou-se
a 1.200 (O Globo, 18/04/2000).
Centenas de ONGs, agrupadas em torno de uma coalizão denominada
Mobilização Global pela Justiça, denunciaram
"a perversidade do sistema financeiro mundial, que empobrece
os trabalhadores de todo o mundo, destrói as florestas
tropicais, estimula o trabalho forçado, obriga os países
pobres a desviar recursos de investimentos sociais básicos
para pagar a dívida externa" (New York Times, 17/04/2000).
Um dos organizadores do movimento, Han Shan, denunciou a "tríplice
aliança da globalização empresarial: FMI,
Banco Mundial e OMC". Outro organizador da manifestação,
Eric Brownstein, da entidade Rainforest Action Network, diz que
o movimento está se transformando em "bola de neve"
e prevê "reação em cadeia", pois
as pessoas estão percebendo "o poder da desobediência
civil, sem violência, das organizações não-governamentais.
Os grupos mais diversos estão percebendo que podem ser
efetivos ao se unirem em torno de uma bandeira comum, a crítica
da economia globalizada" (Folha de São Paulo, 17/04/2000).
Um importante e violento protesto contra a globalização
ocorreu em Praga, no dia 26 de setembro de 2000, envolvendo cerca
de nove mil manifestantes. Pelo menos cem pessoas, incluindo 51
policiais, saíram feridas do confronto - semelhante ao
ocorrido em Seattle em dezembro de 1999, e em Washington em abril
de 2000.
A maioria dos manifestantes manteve-se distante da confusão,
pedindo o cancelamento da dívida dos países pobres
e o fechamento do FMI. Integrantes das ONGs e simpatizantes entoavam
pela cidade a palavra de ordem Capitalismo mata; mate o capitalismo.
Um dos slogans mais ouvidos durante o protesto era Povo sim, lucro
não.
Na opinião abalizada do escritor Boaventura de Souza Santos,
"os protestos contra a (des)ordem neoliberal global, por
ocasião da reunião anual do Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional em Praga, constituíram mais
uma afirmação vigorosa de que as lutas democráticas
transnacionais já são hoje um pilar importante do
sistema político internacional e de que o seu impacto repercute
tanto nas políticas nacionais como nas locais."
Segundo ele, a grande maioria dos manifestantes protestou contra
a globalização predadora, protagonizada pelo capitalismo
global, mas em nome de uma globalização alternativa,
mais justa e equitativa, que permita uma vida digna e decente
à população mundial, e não apenas
a um terço dela, como acontece.
O próprio presidente do Banco Mundial, na reunião
de Praga, afirmou: "Algo está errado se os 20% mais
ricos da população mundial recebem mais de 80% do
rendimento mundial. A continuar essa situação -
em que mais de metade da população mundial vive
com 2 dólares por dia, até menos - o mundo caminha
para um colapso social" (Folha de São Paulo, 2/11/2000).
Os protestos não pararam em Praga. Durante a reunião
de cúpula da União Européia, realizada no
dia 7 de dezembro de 2000, na cidade de Nice, na França,
centenas de manifestantes contrários à globalização
entraram em choque com a polícia. Ao contrário da
passeata pacífica convocada pelos sindicatos no dia anterior,
as manifestações foram violentas e cerca de vinte
policiais e um número não-revelado de ativistas
ficaram feridos no combate entre a Polícia e os manifestantes.
Todas essas manifestações de protesto realizadas
nas reuniões internacionais de Seattle, Washington, Montreal,
Genebra, Praga e Nice são demonstrações da
resistência à globalização autoritária
por parte do movimento mundial de cidadãos. Elas apontam,
sem dúvida, para o fortalecimento transnacional da sociedade
civil.
Trabalhando de forma mais constante e menos ruidosa, milhares
de organizações da sociedade civil pressionam diariamente
as instâncias internacionais de tomada de decisões,
transmitindo-lhes suas próprias posições
com o objetivo de confrontá-las com os interesses dos governos
e das corporações transnacionais.
Na cidade de Porto Alegre, por exemplo, de 25 a 30 de janeiro
de 2001, reuniram-se milhares de pessoas, provenientes de todo
o mundo, num encontro denominado Fórum Social Mundial,
a fim de debater propostas e formas de ação concreta
para a sociedade civil enfrentar, em escala global, os desafios
da globalização econômica dominante.
O Fórum em Porto Alegre contou com a participação
de 4702 delegados, 1500 ONGs, 165 convidados, 104 conferencistas,
1870 jornalistas. Foram ao todo 16 mil participantes, além
do acampamento internacional da juventude (2000 jovens) e do acampamento
das nações indígenas (700 participantes).
O Fórum Social Mundial, além de sua agenda própria,
foi um contraponto ao Fórum Econômico Mundial realizado
na mesma data em Davos, na Suíça, onde uma forte
repressão policial impediu manifestações
e até mesmo o comparecimento de representantes de organizações
da sociedade civil, que tiveram que se deslocar a cidades vizinhas
(Zurique e Berna) para protestar.
Claude Smadja, diretor do Fórum Econômico Mundial,
encontro anual que reúne personalidades ligadas a Governos
e a empresas, reconheceu que "as manifestações
recentes em todas as partes do mundo mostram que assumiu papel
central a questão do envolvimento da sociedade civil no
que se refere a governança, seja política ou empresarial".
Segundo ele, "as ONGs entram no vácuo dos fracassos
dos governos e das empresas" (Folha de São Paulo,
31/01/2001).
Centenas de ONGs, sindicatos, instituições e movimentos
sociais, procedentes de todo o mundo, presentes em Porto Alegre
durante o Fórum Social Mundial, lançaram um documento
conclamando as próximas mobilizações em favor
dos "direitos dos povos, liberdade, segurança, emprego
e educação". O documento reafirma oposição
à "hegemonia do capital, à destruição
de nossas culturas, monopolização do conhecimento,
meios de comunicação de massa, degradação
da natureza e deterioração da qualidade de vida
pelas corporações transnacionais e políticas
anti-democráticas". E proclama a "supremacia
dos direitos humanos, ecológicos e sociais sobre as exigências
dos capitais e dos investidores".
Esses exemplos, de Seattle a Gênova, mostram todos a tendência
à globalização da sociedade civil, de uma
globalização "por baixo" para enfrentar
a globalização autoritária imposta "por
cima" pela constelação dos interesses econômicos
e políticos dominantes.
Gênova: a ponta do iceberg
A repressão policial às manifestações
de protesto em Gênova, como as anteriores, constitui apenas
a ponta do iceberg. A ascensão de novas forças sociais
no plano mundial demonstra que os Estados não detêm
o monopólio da esfera pública e que, ao contrário,
existem formas não-estatais de governança que podem
ser usadas para promover a democracia e o desenvolvimento sustentável,
regular o mercado e defender a civilização contra
a barbárie.
Afinal, 20% da população mundial se apropria de
80% dos recursos, naturais e financeiros, do planeta. Somente
os EUA consomem quase um terço da energia disponível
no mundo. E, dos seis bilhões de habitantes da Terra, quatro
bilhões permanecem na pobreza, dos quais 826 milhões
de famintos. O processo de globalização predatório
não cessa de aprofundar o fosso entre ricos e pobres, agravando
a exclusão social. A (des)ordem neoliberal global enfrenta
hoje os protestos de forças sociais transnacionais, que
lutam por uma globalização alternativa ancorada
na sustentabilidade ecológica e na justiça social.
Como as elites dominantes se globalizaram e os Estados perdem
cada vez mais a capacidade de formular políticas nacionais
autônomas, como ficam os direitos de cidadania - inclusive
os direitos sociais, econômicos e culturais - e a soberania
nacional num mundo globalizado?
Apesar do abalo que vem sofrendo a cidadania pelo declínio
do Estado territorial e da soberania nacional, a atuação
transnacional das organizações da sociedade civil
na salvaguarda da democracia e dos direitos humanos, na luta pelo
desenvolvimento sustentável e pela diversidade cultural,
parece indicar que está em curso a tendência de constituição
de uma sociedade civil global emergente como contrapoder à
globalização autoritária dominante.
É no calor das lutas de resistência à globalização
dominante que se vai forjando uma consciência de cidadania
mundial, condição necessária para que os
povos possam enfrentar os efeitos perversos da globalização
econômica e constituir, nesse processo, um contrapoder hegemônico
global. Do resultado deste embate dependerá o destino da
democracia, a sustentabilidade do planeta e a sorte de seus habitantes.
Liszt Vieira, Conjuntura Política
Professor da PUC/Rio e autor de "Os Argonautas da Cidadania"
e de "Cidadania e Globalização"
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